Declaração de Sam Kutesa, presidente da sexagésima nona sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, por ocasião do lançamento da Década Internacional de Afrodescendentes
Excelências,
Distintos delegados,
Senhoras e senhores,
É com um sentimento de orgulho e satisfação que presido a Assembleia Geral neste momento histórico, quando as Nações Unidas estão prestes a se engajar na observância de uma Década Internacional de Afrodescendentes.
Quando se pensa na coragem e na força dos afrodescendentes que emergem da devastadora realidade que foi a escravidão e o tráfico transatlântico de escravos, não se pode deixar de ser humilde ao ver o quão longe eles chegaram. No entanto, embora reconhecendo os progressos realizados, nós temos que ir muito além.
O racismo e a discriminação estrutural e institucional contra afrodescendentes continua a se manifestar em situações que limitam o acesso a educação de qualidade, emprego, moradia e saúde. Em todo o mundo, os afrodescendentes estão frequentemente entre os membros mais marginalizados da sociedade. Muitas vezes eles habitam os bairros mais pobres, com a infraestrutura mais precária e negligenciada. Eles estão vulneráveis ao crime e à violência. Na tentativa de obter reparação legal, eles também enfrentam muitas vezes a discriminação no acesso a justiça.
Em 2001, nós adotamos a Declaração e o Plano de Ação de Durban (DPAD) na Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância Correlata. O DPAD confirmou o que todos sabíamos ser verdade, que os afrodescendentes ainda são vítimas das consequências da escravidão, do comércio de escravos e do colonialismo. Adotando o tema da Década Internacional: “reconhecimento, justiça e desenvolvimento”, a comunidade internacional está fornecendo uma oportunidade de conversar globalmente sobre os fardos e as realizações dos afrodescendentes.
Evidências das contribuições de afrodescendentes para o desenvolvimento de nossas sociedades são abundantes e irrefutáveis. A Década Internacional é projetada para celebrar essas contribuições. Ao fazê-lo, a Década Internacional pode ajudar a quebrar os muros do estereótipo e do estigma que muitas vezes cercam os afrodescendentes.
É igualmente importante para a Década Internacional conscientizar e contribuir com os esforços dos Estados-membros e da comunidade internacional para garantir a promoção, o respeito, a proteção e o cumprimento dos direitos humanos de afrodescendentes e sua plena e igual participação em todos os aspectos da sociedade.
Hoje, nós temos uma oportunidade única de fazer desta uma Década Internacional de ação e compromisso. Ao adotar o projeto de resolução e o programa de atividades diante de nós, a Assembleia Geral dará um passo audaz em direção a este objetivo.
Os afrodescendentes de todo o mundo estão nos assistindo e contando conosco.
Eu agradeço a todas e todos.
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