Mensagem do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, sobre o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos
25 de março de 2015
Ao longo de mais de quatro séculos, cerca de 15 milhões de africanos foram retirados de suas casas em toda a África e transportados à força para as Américas. O número de pessoas compradas por comerciantes de escravos foi ainda maior. Esses escravos que sobreviveram foram trazidos e vendidos, destituídos de toda a dignidade, tiveram todos seus direitos humanos negados. Mesmo seus filhos podiam ser tomados e vendidos para o lucro de seus “donos”. O comércio transatlântico de escravos ainda é um crime monstruoso e uma mancha na história da humanidade.
O Dia em Memória das Vítimas este ano presta uma homenagem particular às muitas mulheres que sofreram e morreram durante o comércio de escravos. Elas sofreram violências terríveis, incluindo a escravidão sexual e reprodutiva, prostituição forçada, agressão sexual sistemática, bem como foram forçadas a engravidar e vender seus próprios filhos.
Ainda assim, as mulheres escravas desempenharam um papel central na manutenção da dignidade de suas comunidades. Muitas vezes sua liderança e corajosa resistência foram subestimadas ou esquecidas.
Tragicamente, a escravidão ainda não acabou. A escravidão persiste teimosamente em muitas partes do mundo, sob a forma de trabalho forçado, tráfico, exploração sexual ou cativeiro em condições análogas à escravidão. Estas práticas desprezíveis não poderiam existir sem um racismo profundamente arraigado. É absolutamente vital que os perigos inerentes ao racismo estejam perfeitamente claros para todos. O Programa de Memória dos Escravos do Departamento de Informação Pública (DPI) da ONU ensina sobre o comércio transatlântico de escravos e como a intolerância pode facilmente passar de uma atitude a atos de ódio e violência.
Para assinalar este Dia Internacional, vou inaugurar um memorial permanente na sede das Nações Unidas em Nova York para homenagear as vítimas da escravidão e do comércio transatlântico de escravos. Construído na Praça dos Visitantes, a “Arca do Retorno” lembrará a pessoas de todo o mundo o terrível legado do comércio de escravos. Isso nos ajudará a cicatrizar, ao passo que nos lembramos do passado e homenageamos as vítimas.
Neste importante Dia de Memória, eu clamo por uma renovação de nosso compromisso em acabar com a escravidão moderna, para que nossos filhos possam viver em um mundo livre do racismo e do preconceito, com iguais oportunidades e direitos para todos.
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